sábado

A caixa da costura

Há objectos que me fascinam. E um deles é a caixa da costura. Dedais, carrinhos de linhas de tantas cores e mais algumas, agulhas, alfinetes. De todo o conteúdo, o que mais me atrai é o cantinho dos botões. Uma miscelânea de cores, feitios, tamanhos. À primeira vista, parecem todos diferentes. A custo, entre tantas peças, encontramos pares, às vezes trios, quem sabe conjuntos maiores do mesmo botão. Uns brilhantes, outros baços e velhos. Um ou outro partido, outro apenas rachado. Fazem lembrar indivíduos habitantes de um mesmo local comum. Servem todos o mesmo propósito. Pretendem encontrar uma casa, pertencer a algo maior, não ficar sozinhos. Querem ver mais lugares além da caixa da costura que conhecem. E querem encontrar outros botões, diferentes daqueles com que já tiveram oportunidade de privar. Mais tarde ou mais cedo, hão-de voltar todos àquela caixinha dentro de uma caixa maior. Talvez tenham caído, poderão precisar apenas de mais força, com linha nova apertada. Quando já não servirem, ou simplesmente quando tiverem passado de moda. Mais tarde, pode ser que alguém volte a lembrar-se deles. A moda tem sempre aquela tendência de revisitar tempos passados. E torna o velho a ter alguma graça. De toda a tralha que há dentro da caixa de costura, é dos botões que eu gosto mais. Remexê-los entre os dedos. Hei-de aprender a costurar, que a coser botões já me ajeito.

1 comentário:

Maria Ana disse...

Também tenho uma caixinha cheia de botões. Gosto tanto.