sexta-feira

Líquidas formas

Formas líquidas elongam-se, enrolam-se vagarosamente, flutuantes no ar. Indefinidas, arestas contínuas, rolantes. Entram e saem de recipientes de fronteiras igualmente flutuantes. Parecem bolhas cheias de fumo, moldadas pela atmosfera que as envolve, em diferenças de pressão entre fases que as torna igualmente corpóreas, reais. Preenchem toda a sala, lutam preguiçosamente pelo espaço. Calmamente formam extensões, protuberantes em várias direcções. Como num candeeiro de lava, são luminosas e coloridas. Têm um halo comum de brilho desfocado. Põem-me tonta, se as contemplo de costas no chão, expressão esgazeada. Hipnotizam-te e abrem-te a boca, em estático espanto. Anestesiam-te enfim, imóvel, inconsciente. Livre.


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