terça-feira

Entre!


Quando dou por mim sozinha, é como se estivesse sempre à tua espera. Sonho acordada com episódios em que entras pela porta adentro de surpresa.

      ( - Entre!)

Imagino a sensação de imprevisto que me assaltaria, me deixaria gaga nos reflexos, sem saber bem que dizer. Invento as palavras que trocaríamos numa situação em que isso acontecesse. Crio os gestos que cortariam o ar, parado antes de chegares. Aproximar-te-ias, tentarias alcançar-me a mão, talvez abraçar-me, provavelmente oferecer-me um beijo. Eu, derretida, todo o meu corpo esboçaria o seu sorriso, tímido.

      ( - Fica.)

Antes de avançar no enredo, já partiste. De novo. Dentro da minha cabeça já se desvaneceram estas ideias e se formaram outras, nuvens, flutuantes atrás dos meus olhos. Abertos mas fechados.
Oh, como sinto a tua ausência! Tanto como a tua presença, ela dilacera-me a existência. Afasta-me do que é real. Deixa-me assim alheada, incapaz. Rosto cerrado. Inspiro e mantenho o ar dentro dos pulmões, para parar o tempo um bocadinho. Puxo facilmente a memória do teu aroma. Rapidamente me vejo, uma vez mais, enleada em ti. Abandono-me e deixo-me ficar tanto tempo quanto conseguir. Sabe bem saborear-te.

1 comentário:

Zé Pedro disse...

És tão bonita .. Não imaginas o que estas palavras me fazem sentir!