domingo

Setembro


Setembro, como não podia deixar de ser. O ar cheira aos plátanos que deitam folhas mortas pelo chão, o mesmo cheiro dos tacos de madeira do chão das salas de aula da escola primária. Os pés levam o cheiro pelos caminhos que se levantam e retomam o curso normal. E os braços balançam para a frente e para trás, a lado do corpo obrigado a funcionar, distraído de si.
A manhã e a noite ficaram frias de repente, como os meus pés e as minhas mãos. Ficam assim quando o sol escasseia. Quis fechar os olhos, atrasar a rota das coisas, prolongar o dia. É sempre em vão. É preciso, antes de abrir a porta e sair, respirar fundo e concentrar a ideia em algo mais longe. Pensar no passo seguinte ao que de momento dou, fugir. Agarrar com força o ar à medida que o trespasso, para me apoiar em direcção a não sei onde, nem o quê.
Meia estação, meio gás, semi-consciência. Adormecimento torpe, em jeito de preparação para o tempo adverso. Mais um dia, mais um empurrão no que há-de vir e mudar o que não pode continuar igual.

1 comentário:

Zé Pedro disse...

Tão bonito =D