Pensei em cabelos fora dos penteados, vestidos esvoaçantes, velhos a segurar as boinas para que não fujam, castanhas folhas a fugir de montes ao longo do passeio. Panos a saltar das molas nos estendais, sacos de plásticos a elevar-se no ar. Pensei que todos me lembravam esforço. O esforço de contenção, contrariado pela força do ar que corre no vento. Ninguém se quer perder no meio da tempestade. Ninguém se quer ver desaparecer. Toda a gente se segura em si, com determinação. Conscientes do seu objectivo.
Lavei a cara com a frescura que anuncia o fim do tempo quente. Fechei a janela para que o conforto do quarto me voltasse a abraçar. Voltei a deitar-me e desta vez puxei para mim o edredão entretanto abandonado aos pés da cama. Dormi. É vento lá fora. E chuva e frio e corpos rijos com medo de perder a energia. É tempo de ir buscar energia a outro lado.
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