sábado

Ventos

Não tenho saudades do vento do norte. Nunca tenho. Gosto que ele não venha. Que venham outros em sua vez. Porque quanto mais ele sopre, mais eu hei-de apertar a minha capa. Mais e mais até de tão apertada estar eu deixar de sentir que sinto seja o que for incluindo o frio que me enregela os ossos e a alma. Venha o sol, e o seu poder de persuasão. E a minha capa cairá no chão sem esforço. Sem força para me agarrar. Cairei com ela, inanimada, mas agora feliz. Deleitada. Ventos de gelo são coisa a não lembrar, quando se quer os raios estrelados a penetrar os poros do corpo e a preencher o ser de bendita, gloriosa energia. Venham as ventosidades quentes revolver-me o cabelo, encher-me os pulmões de vida, abrir-me as asas e as das andorinhas. Adeus, vento norte! Mantém-te longe!